segunda-feira, 2 de novembro de 2009

PARTE 3

E o povo aplaudia. Aplaudiam de forma esplendorosa; gritavam e berravam: marginal bom é marginal morto. Marginal: uma palavra a mais que não sabem seu verdadeiro significado.

O mundo globalizado não deixa espaço para os menos favorecidos. “Dane-se tudo e todos! O mais importante sou eu, meu bem estar, minha felicidade! Dane-se aquele que não tem o que comer, dane-se aquele que não tem uma família, dane-se, dane-se, DANE-SE! Porque ninguém nesse mundo faz algo por mim”. Tenho medo que esse argumento se espalhe ao redor de nossas vilas, cidades, estados, países, enfim, o Mundo. Mentes perigosas.

Fora uma criança feliz, obedecia tudo o que seus pais mandavam. Como qualquer um, tinha seus sonhos infantis: mandava cartas para o Papai Noel, pedia ovos para o coelhinho da páscoa, escondia seu dente debaixo do travesseiro para a Fada dos dentes dar uma moeda... Até que se deparou com uma imagem chocante: seu pai fora morto por um ataque fulminante no coração.

A família ficara totalmente desestruturada, principalmente sua mãe. Viam-se nascer demasiados fios de cabelo branco em meio a uma bela cabeleira negra; desesperada, deixou-se perder em um estado de fúria: pegou uma máquina e raspou o que lhe restava de belo. Seus olhos viviam afundados em uma enorme olheira. Entregou-se ao álcool, e assim, gastou os poucos reais herdados do marido num bar da esquina da casa. O fundo do poço era sua companhia, seu solitário amigo.

A fartura que se preenchia à mesa da casa transformou-se em singelos pedaços de pão, mortadela e uma garrafa de leite. O menino via que alguma coisa estava errada, por isso acolhia a mãe como se fosse seu responsável . E, diante de um ataque esquizofrênico da mãe, prometeu que faria de tudo para vê-la feliz.

Estava indo em direção ao colégio, único lugar onde poderia encontrar um pouco mais de tranqüilidade. Mas, aquele dia seria diferente, pois um alguém estava na porta, um alguém que poderia mudar todo o rumo de sua vida.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PARTE 2

Pensar duas vezes antes de agir ou agir duas vezes antes de pensar?

"Homem morre, sem culpa, sem rumo, sem “não me toque”, um louco visto por muitos, e se via com uma enorme importância, mas se tinha ego era mínimo. Tratava os demais de tal forma que mal parecia ter alguma importância consigo. Tanto que quem quiser comparecer esta tarde ao enterro será bem-vindo, Elaborou isto antes de sua morte.

Tal homem nascera de forma peculiar, sua mãe era moça de classe alta e ele tinha tudo para ser um filhinho de papai que se acha o melhor de toda a humanidade. Começou a andar, e ao invés de ir em direção a sua mãe ou pai, dirigia-se ao espelho procurando sua própria imagem. Preferia ir até o banheiro como se quisesse descobrir os mistérios que aquele cômodo ainda desconhecido mantinha em segredo.

Sua primeira palavra foi “OI” como uma apresentação; logo depois foi “papa” que disseram que era papai. Ninguém ousaria afirmar o signficado daqueles sons. Fazia coisas que eram inesperadas para o resto que acompanhava seu crescimento, muitas vezes "corrigido" por seus pais para torná-lo um individuo que pensasse e agisse igual aos demais da sociedade. Seu primeiro erro talvez fosse ter ouvido tudo o que era dito por seus familiares.

Como toda criança, foi educado para saber o que era certo e errado. Moralismo, será? Embora não se conformasse que o "errado" não podia ser divertido. Cresceu encantado com a natureza, sempre curioso em saber o que estava acontecendo ao seu redor, raramente se criticava. Quem o criticava normalmente eram as pessoas em sua volta. Decidira assim, cansado de fazer tudo de maneira errada, a fazer o que todos faziam dito como certo. Obrigando-se a pensar em acertar sempre, mesmo que isso não fosse de sua Natureza.

Assim, começou a querer aprender de fato o que nunca entendia e agir da maneira que todos achavam adequada. E como era ser assim?
POR ANINHA FURACÃO

domingo, 27 de setembro de 2009

PARTE 1 - Cidade Realidade Mundo Imaginário

MORTOS



A mulher chora, e chora muito. Sem pão, sem fubá, mãos atadas diante de uma vida isolada, desprotegida e alheia ao prazer, distante do amor, longe da própria existência. Ela perguntaria: "quem sou eu?". Mas não, uma pergunta dessas surge como um absurdo ao ver seu próprio filho perder parte da cabeça por causa de um tiro, um tiro certeiro. Ele queria apenas um prato de comida; sonhava com um emprego; queria que a mãe pudesse, enfim, alimentar-se como gente. Ela aceitou a sua morte, conscientemente, depois do abraço que recebeu do policial atirador.

Os marginais independentes

Aqueles que estão à margem simbolizam as vozes autônomas que precisam de um espaço para a expressão de sua interioridade.

Ou estou à margem porque me obrigaram ou estou à margem porque penso por conta própria. Por onde caminhará?

O início precisa existir...